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A voz de Carlos do Carmo não nos deixará tão cedo. Faz parte das nossas recordações, identidades e formas de interpretar a melancolia. Nunca me comovem muito as homenagens públicas e nacionais (com um certo desfile de banalidades), mas creio que elas são necessárias até para mostrar os laços da comunidade – Carlos do Carmo é um desses símbolos da nossa sensibilidade, tão bem transcrita em Um Homem na Cidade, um disco que vai figurar para sempre no cânone do fado, tal como em Por Morrer uma Andorinha ou em À Noite (de 2007, onde canta poetas contemporâneos). Uma das coisas que apreciei muito em Carlos do Carmo foi não ter receio de uma certa solenidade que emprestou ao fado, quando o cantava, retirando-o da solidão dos iniciados e da tradição da rua. Mas o que importa é a sua voz. Há pessoas notáveis de que recordamos uma obra singular, a simpatia, a genialidade, as qualidades de trabalho e o esforço em melhorar o seu e nosso mundo; no caso do Carlos do Carmo há tudo isso – e a sua voz. Além de uma cordialidade simples e educada que sempre me comoveu, e que é tão rara hoje em dia.
Da coluna diária do CM.
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