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A história dos costumes é uma coisa controversa. O “ocidente” tinha, nos últimos anos – em nome da “diversidade cultural” –, deixado de mencionar “o Natal” e passado a escrever “as festas” para não “ofender” os não cristãos. A pandemia obrigou a recuperar a palavra “Natal”, recolocando-a como “festa da família” ou “do encontro” numa sociedade essencialmente laica & comercial, indiferente ou ateia. Foi divertido ver ateus militantes falar da necessidade de “salvar o Natal”, embora se tivesse notado a indignação de duas ou três pobres almas tolinhas (as do costume) exigindo que o Estado laico deixasse de favorecer uma festa de raiz religiosa. Acontece que a comunidade é também feita de laços invisíveis com o passado, rituais confortáveis, evocações – e datas que vão sendo apropriadas ainda que longe do seu sentido original. Somos herdeiros de uma poeira que assenta devagar, com a passagem do tempo, e que não tem a ver com a verdade nem com o rigor da História. Na adversidade, somos aqueles que se sentam para jantar, para esquecer e para voltar a lembrar por que estamos aqui. É bastante.
Da coluna diária do CM.
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