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Tirando algumas páginas mais ou menos facultativas (poucas, de qualquer modo) em que Shoshana Zuboff se entretém pelos ramos do pós-marxismo, a verdade é que A Era do Capitalismo da Vigilância (publicado pela Relógio d’Água) é, certamente, um dos livros mais estimulantes deste ano. O seu tema é a forma como – nós, seres humanos – estamos a ser despojados de identidade e liberdade por entidades desconhecidas que, de forma ilegal e antidemocrática, dominam a acumulação de dados e a circulação de informação na internet. Os grandes desígnios totalitários da Google ou do Facebook assentam no sonho não apenas de controlar ou conhecer minuciosamente o nosso comportamento mas também de o modelar para o futuro – e de tentar tornar toda a nossa humanidade dependente dos seus algoritmos. Se a civilização industrial cresceu aprisionando a natureza, a nova vaga de poderes aprisiona a natureza humana sem dar nada em troca senão a ilusão da partilha de informação. A análise dessa hecatombe faz do livro de Shoshana Zuboff um permanente desafio à nossa ingenuidade. É um importante livro.
Da coluna diária do CM.
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