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John Le Carré, mestre.

por FJV, em 15.12.20

Só um pequeno universo de provincianos e leitores preguiçosos consegue limitar John Le Carré (1931-2020) à chamada literatura de espionagem – um género que se desenvolveu durante a Guerra Fria e onde os seus primeiros livros (Chamada para o Morte, de 1961, ou O Espião Que Saiu do Frio, de 1963, por exemplo) cabiam como obras de primeira ordem. Porém, a partir de O Amante Ingénuo e sentimental (1971) e sobretudo depois da “trilogia de Karla” (A Toupeira, O Colegial Ilustre e A Gente de Smiley), John Le Carré escreveu histórias sobre o nosso mundo, o mar das dúvidas e gente em perigo. Obras-primas como essas e Um Espião Perfeito, Um Homem muito Procurado, A Casa da Rússia ou O Fiel Jardineiro são coisas de espionagem, sim – mas elevam-se muito para lá disso, tão bem escritos e pensados. George Smiley, a sua personagem mais marcante, está nos nossos corações como um modo de ser humano e um intérprete da tristeza ocidental e europeia. Na literatura britânica Le Carré era um clássico nobilíssimo. Foi um dos autores que mais me marcou com a sua arte a sua melancolia.

Da coluna diária do CM.

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