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Acabo a leitura do novo livro de Maria Filomena Mónica convencido de que ele chega muito mais longe do que propõe o seu subtítulo (“Notas sobre nacionalismo”). Na verdade, O Meu País (Relógio d’Água), que abre com uma visita ao tema da “identidade nacional” (é de Orwell a melhor definição sobre “o que é um país”), leva-nos numa viagem pela vida portuguesa desde 1840 aos nossos dias; esses altos e baixos (o ultimato, a República, o salazarismo, etc.) são, com poucas exceções, o resumo de “uma nação talhada para a conquista, para a tirania, para a ditadura e para os domínios clericais”. A frase é de Eça, em 1871 – e, sendo verdadeira, não basta para resumir os maus tratos infligidos aos portugueses quer pelas suas elites (o capítulo sobre a I Guerra é estarrecedor), quer por eles mesmos. Sendo também uma notável biografia da relação entre a autora, o país e a sua história, mostra-nos a respiração da pátria que, década a década, sobrevive a oportunidades perdidas e ao nosso amargo desleixo. É um dos grandes livros deste ano e obriga-nos a uma paragem para a sua leitura.
Da coluna diária do CM.
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