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Nadir.

por FJV, em 03.12.20

Quando era miúdo, em Chaves, todos os dias ia pela manhã buscar pão fresco à padaria ao fundo da rua. O telhado da padaria era ondulado, semelhante às das montanhas do Barroso que se viam no horizonte, havia pormenores de cor aqui e ali, barras verticais que desciam abruptamente, curvas inesperadas – só mais tarde percebi porquê: o arquiteto fora um ainda jovem flaviense, Nadir Afonso, que eu quis conhecer depois. Passeei muito com Nadir (1920-2013) por aquelas ruas, e era visita do seu atelier – onde aprendi muito sobre geometria, abstraccionismo, surrealismo, matemática, cor e liberdade. E cavalheirismo. E poesia. E risco. Aquele tempo (os anos 70, com Nadir de pé, descalço, na terra do jardim) não se repete, como sabemos, e é pena. A sua obra obriga-nos a pensar a natureza do mundo e as regras de uma gramática profunda que organiza a nossa maneira de ver e “compreender as cousas”. Nadir Afonso é, com a sua estranha forma de composição, um caso único na pintura e na apreensão matemática da realidade. Passam amanhã 100 anos sobre o seu nascimento. Era um génio cordial e apaixonado.

Da coluna diária do CM.

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