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Umas pobres almas foram anteontem ouvidas pelas rádios e pela televisão sobre a morte de Diego Armando Maradona. Apanhados pela gravidade do momento, esses seres vagamente morais peroraram sobre o mau comportamento de Maradona, a sua passagem pelas drogas e pelo álcool, a via sacra de maus hábitos – chegando um deles a dizer, em direto, ao vivo e sem lhe ter caído uma bigorna divina sobre o cerebelo, que “já se esperava, não é?”, e outro acrescentando que, com aquela idade, Maradona continuava “a não ter juízo”. É certo que essas vozes não passam dali, da sua mediocridade malfazeja, mas aborrecem. Nenhum deles compreendeu que Maradona, como já o disse, era sobrevoado por um anjo do mal que o mandava fazer coisas magníficas e belíssimas. O resto, todo o resto – eu perdoava por causa do génio. Não suportava nenhuma das suas opiniões, nenhuma parte da sua vaidade tão argentina, nenhum dos seus erros ou grosserias – mas, no momento em que se falava da sua morte, nada disso importava: só as fintas que está a fazer a caminho do céu, convencido de que há de jogar por toda a eternidade.
Da coluna diária do CM.
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