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Sempre surpreendeu, desde os livros de história do liceu, a representação de Leonor de Aquitânia (séc. XII) no seu túmulo na Abadia de Fontevraud, segurando um livro que lê em tranquilidade. Porquê ler depois da morte? Porque a leitura é uma companhia para a vida eterna. Quinhentos anos antes, no primeiro quartel do século VI, São Bento de Núrsia dizia o essencial: “À mesa dos irmãos, não deve faltar a leitura.” Reencontro estes dois momentos ao folhear Uma História da Leitura, de Alberto Manguel (Tinta da China), um livro maravilhoso e uma entrada no labirinto das bibliotecas onde circulamos até ao fim da vida. Alberto Manguel leva-nos de século em século, saltando na mais absoluta desordem, em busca de elementos que permitam definir o espírito do leitor. Mas a leitura é sobretudo diversidade; tanto nos assalta e perturba como tranquiliza e conforta, tanto faz de nós seres amáveis como espectros a esconderem-se quando a noite cai sobre o deserto. Como dizia Anthony Powell sobre certos seres, os leitores podem ser centauros com tochas a galopar rente a um mar coberto de gelo.
Da coluna diária do CM.
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