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Uma das nossas grandes árvores.

por FJV, em 12.11.20

Foi um dos homens mais sábios que conheci. Gonçalo Ribeiro Telles (1922-2020) foi um dos homens mais sábios que conheci e, por isso, sei que com ele não desaparece a extraordinária herança que transmitiu. Um mestre raríssimo e completo que tinha uma ideia do país, da paisagem, do diálogo entre nós e o mundo, do livro da natureza e do livro do tempo. Conheci-o em Évora, onde – na universidade – era professor e fundou uma escola notável de arquitectos paisagistas. Estive ao seu lado na fundação do MPT Partido da Terra, uma honra que não esqueço; dessas reuniões fundadoras recordo a sua sabedoria, a importância de olhar as coisas com distância e sem pressa, a necessidade de leveza e de diálogo, a recusa do radicalismo. Não esqueço essa última entrevista (na altura, para a RTP), há exatos 12 anos, em novembro de 2008, na casa de Coruche: fiquei calado quase todo o tempo, escutando-o, paralisado; havia na sua disponibilidade uma coisa que não percebia na época: uma melancolia familiar e sem tristeza acerca do mundo. Ecologista e conservador, Ribeiro Telles era uma das nossas grandes árvores.

Da coluna diária do CM.

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