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De quem é a culpa? Periodicamente, a política utiliza, com devoção e empenho, a palavra “culpa”. Não para se libertar dela, como na psicanálise, ou para a valorizar, como no discurso religioso – mas para a atribuir generosamente aos outros. O primeiro-ministro, que passou quatro longos anos a atribuir as culpas “à direita” e “a Passos Coelho” (aqui, “Passos Coelho” não é uma pessoa concreta, mas uma entidade abstracta que serve para atribuir culpas), descobriu anteontem que a culpa do estado de coisas é dos portugueses. Contra a opinião das autoridades, os portugueses foram – geralmente de máscara e com decência – para a rua, para as lojas, para as esplanadas, para os restaurantes, para a noite, para a festa do Avante, para a Fórmula 1, para o Algarve, para Fátima, para o Campo Pequeno, para as bolas de Berlim nas praias, para os transportes, para todo o lado onde é normal as pessoas irem. Estão aqui a dizer-me que as autoridades começaram por ser contra a máscara e que, por outro lado, pediram aos portugueses – esses sacanas – para visitarem todos esses lugares. Deve ser mentira.
Da coluna diária do CM.
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