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Para invocar o livro de John Reed sobre a revolução bolchevique na Rússia, o mandato de Trump na Casa Branca pode ser visto como “quatro anos que abalaram o mundo” – mas repeti-lo pode soar a certa inutilidade, salvo se dele retirarmos duas lições. A primeira é a de que, parte da imprensa e da chamada “ideologia dominante”, vive numa bolha – só isso explica a surpresa dos que viram que Trump teve agora mais votos da população negra do que em 2016, e, curiosamente, teve menos votos de homens brancos e mais de mulheres negras, brancas e hispânicas. Ou seja, a “sociologia interpretativa” das nossas tvs e rádios não estava certa. A segunda é a de que o mundo de excluídos, pobres e deserdados deu a Trump a primeira vitória e continuou a votar nele – as elites urbanas e a sua imprensa não o entenderam. Se houvesse uma terceira lição (e decerto há muitas mais) seria a de que não se deve entregar o poder, a nenhum preço, a um mentiroso compulsivo, ou a um manipulador obsessivo, ou a um homem sem o sentido da dignidade da política. De qualquer modo, a América está a arder, com ou sem ele.
Da coluna diária do CM.
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