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O “grande público” não conhece Vítor Manuel de Aguiar e Silva – e não tem de conhecer. É o novo Prémio Camões, atribuído ontem, e deixa-me com a sensação de ter sido feita uma espécie de justa reparação ao seu nome, o de um ensaísta raríssimo pela insistente qualidade do seu trabalho. Na universidade, a sua Teoria da Literatura era um instrumento indispensável, como um repositório do que de mais atual se podia saber sobre a matéria; os seus estudos sobre o barroco literário, uma referência; mais tarde, o seu apaixonado interesse por Camões (entre outras coisas, coordenou as mil páginas do Dicionário de Luís de Camões e escreveu Labirintos e Fascínios) é comovente de intuição e profundidade. Ao dobrar os 80 (nasceu em 1939) publicou o maravilhoso Colheita de Inverno, onde se pressentia uma melancolia do estudioso e do erudito, já tão visível nesse outro livro de combate, de 2010, As Humanidades, os Estudos Culturais, o Ensino da Literatura e a Política da Língua Portuguesa (ambos publicados pela Almedina). Sem ele e a sua erudição, a universidade seria ainda mais pobre.
Da coluna diária do CM.
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