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O Dia de Finados pertence à categoria das velharias que o nosso tempo dispensa como um incómodo. Na minha aldeia, nas dos meus pais – e nas dos leitores – visitam-se os cemitérios não apenas para relembrar o sofrimento da ausência, mas para assinalar o respeito pelo tempo que passou; quem não pode fazê-lo, há de ter um momento para que os nossos antigos, que amámos (ou não amámos como queríamos) ou foram nossa companhia, sejam lembrados. É uma recordação ritual. Dedicar um dia a visitar as sombras dos cemitérios, mesmo que seja triste, é uma questão de honra numa civilização que ainda acredita na remota possibilidade de que existe um passado e que alguma coisa lhe devemos. Lembrar aqueles de quem algum dia fomos próximos, é prolongar a sua memória, recordações e legados. Não é necessário acreditar na vida eterna das religiões para que saibamos que o gesto requer alguma solenidade. As autoridades autorizaram os ajuntamentos populares mas vedaram a maior parte das visitas de Finados. É uma contingência que se compreende – mas que não beneficia os autores da decisão.
Da coluna diária do CM.
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