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Conheci Helena Marques (1935-2020) numa livraria de Lisboa em 1992. Na verdade, marcámos encontro entre as estantes da velha Buchholz porque, na altura, eu organizava o Prémio Ler/Círculo de Leitores, destinado a romances inéditos e apresentados com pseudónimo – que ela acabava de ganhar com O Último Cais, um romance de iniciação, cheio de nostalgias, geografias, mar e boa fé. Foi a primeira vez que um romance inédito ganhou, depois do Prémio Ler, os prémios APE, o Máxima e o da Casa da Imprensa. Depois de O Último Cais seguiram-se mais três romances e duas recolhas de contos, mas Helena foi, como escritora, uma pessoa discreta, melancólica e delicada. Como suponho que era na vida. Eu prezava-a muito. Calhou, depois, eu trabalhar com o seu filho Francisco – meu bom amigo – e a admirar o seu marido Rui, jornalista como ela (no DN, nomeadamente). Publicando o primeiro romance aos 57 anos, não tinha os “tiques literários” da sua geração, nem os seus vícios extremos. Uma estranha bondade misturada com inocência – é disso que me lembro, agora que partiu aos 85 anos.
Da coluna diária do CM.
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