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A doutrina oficial diz que “os portugueses” são responsáveis por um eventual desastre: ou porque não usam a máscara ou “a aplicação”, ou porque vão trabalhar e não ficam a fazer ioga no Facebook (porque têm de trabalhar), ou porque não se persignam de cada vez que têm pensamentos anti-patrióticos (para isto, basta que duvidem da DGS, que diz coisas diferentes de semana para semana). Ora, os portugueses – se ser português fosse um verbo intransitivo – portuguesam: trabalham, usam máscara, cuidam da vida e duvidam (até porque, como o CM provou, 1,7 milhões não têm telefone capaz de instalar “a aplicação” que o SNS não pôs a funcionar). Duvidam porque têm juízo. Se acreditassem em tudo, já tinham ensandecido ainda mais. Já foram condenados a ficar em casa, já foram incentivados a partilhar bolas de Berlim na praia, já foram bafejados pelo “milagre português” e, chegados a outubro, verificam que desde maio os lares de idosos ainda não foram vistoriados e protegidos, que os hospitais não estão preparados para o inverno – e que, afinal, a culpa é deles, pobres portugueses que portuguesam.
Da coluna diária do CM.
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