Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Houve um tempo em que o Nobel da Literatura era anunciado depois de uma disputa em segredo entre os membros da Academia Sueca. Bons tempos, mesmo se as escolhas eram criticáveis (como são sempre) e injustas (como acabam por ser). Hoje é – diz-se – uma querela mais democrática e chega a haver “finalistas”, um conceito popular e muito em voga, depois de os negócios e desventuras sexuais de alguns dos poderosos da Academia terem interrompido a atribuição durante dois anos. Apesar de nunca ter sido atribuído a grandes nomes como Jorge Luis Borges ou Philip Roth (que já morreram), o Nobel tinha uma aura de eternidade, era uma recompensa por anos e anos de trabalho, muitas vezes em silêncio ou votada ao desprezo pela ribalta. Esta ideia de que o Nobel da literatura deve ser atribuído de forma a contentar sensibilidade não é nova e tornou-se hoje uma imposição triste e não tem nada a ver com a literatura. Todos os anos (é hoje) aguardamos o seu anúncio, mas a magia, a honra, a surpresa, as apostas no vazio, perderam-se. É apenas um prémio entre outros. Valioso, mas sem a antiga aura.
Da coluna diária do CM.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.