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A República.

por FJV, em 05.10.20

É provável que hoje aconteçam algumas homenagens em memória dos heróis da República, uma galeria de gente que inclui nomes respeitáveis tanto como personagens abjetas. Dela, infelizmente, parece termos herdado alguns dos piores tiques: a corrupção endémica e alargada (que agora parece ter cobertura legislativa e indiferença de todos), o gosto pela pequena malandragem da política e pelos caciques enfatuados, uma tendência insuspeita para a má administração dos dinheiros públicos, a desculpa aos que abusam da autoridade e organizam a máfia da “influência”, ou a pompa provinciana disfarçada de “modernidade”. Houve grandes personagens, é claro, mas sobretudo polemistas notáveis e gente que protestava contra os vários abusos e as manigâncias dos proprietários do regime. O “espírito do 5 de Outubro” foi substituído pelo “espírito do 25 de Abril”, com o salazarismo de permeio, mas as famílias políticas, com poucas exceções, são as mesmas – sobreviveram à República de 1910, que pôs fim a um regime falido, como sobreviveram ao 28 de Maio e ao 25 de Abril. Mas os tiques são os mesmos.

Da coluna diária do CM.

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