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A palavra resiliência, usada a torto e a direito hoje em dia, é uma palavra tola, embora não por culpa própria, coitada. Vem do Latim, no sentido de “recusar”, “saltar para trás”, “ressaltar”; mas, tal como os tolos que leem “áitém” quando veem escrito “item” (que deve ser lido “item”, Latim puro), os nossos políticos e pessoas públicas importaram-na do inglês sem a traduzir. Por isso abusam dela, tal como abusam tolamente da designação “distanciamento social” (muito protestei nesta coluna) que, felizmente, muita gente sensata vai substituindo por “distanciamento físico”. No chamado Plano de Recuperação & Resiliência, não sei se a palavra está bem ou mal aplicada (depende da perversidade e da manigância) – mas sei que o seu uso permanente e obstinado é um luxo de oradores que querem dizer outra coisa qualquer mas acham que “resiliente” e “resiliência” estão na moda, e isso desperta admiração e bons sentimentos nos outros. É, portanto, uma coisa pacóvia. Uma pessoa, qualquer dia, queixa-se de que o bife ou a chuva estão resilientes e já ninguém liga ao que isso quer dizer.
Da coluna diária do CM.
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