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Guerra Junqueiro, génio, fúria e melancolia.

por FJV, em 17.09.20

 

Hoje quase ninguém passa por Ligares, uma pequena aldeia cravada num dos braços da Serra do Reboredo – o concelho é já o Freixo de Espada à Cinta, encostado ao de Moncorvo. Foi aí que, há 170 anos, nasceu Abílio Guerra Junqueiro (1850-1923). De cada vez que vou a Barca d’Alva, a dois passos, onde fica a sua Quinta da Batoca, volto a imaginar a figura de Guerra Junqueiro e alguns dos seus versos escritos aqui: “Quanta vida me consome, / quanta quimera perdida.” A figura de um homem de longas barbas acompanhou-nos sempre, mais do que a sua poesia propriamente dita, consumida em dois ou três livros que iam bem com o seu tom de profeta: Pátria, A Velhice do Padre Eterno, Os Simples, além dos que tinham sido reunidos em A Musa em Férias. Destinado à vida religiosa, Junqueiro foi anti-clerical contumaz (e religioso de novo, no fim da vida); radical republicano durante a monarquia, desiludiu-se dela e afastou-se do regime – a sua amargura, contada por Raul Brandão, é igualmente radical. Se esquecermos a versão de um Junqueiro oficial e ao serviço da pátria, como um altifalante aproveitado pela propaganda, descobrimos nele uma torrente de génio, fúria e melancolia. 

Da coluna diária do CM.

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