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A poesia do italiano Cesare Pavese está reunida num título nobre: Trabalhar Cansa, traduzido por Carlos Leite – são versos narrativos, de uma beleza raríssima, que tanto falam do silêncio como dos ciclos da vida inteira, do adeus e da partida, da comoção e das horas do dia. Mas a sua obra maior é Ofício de Viver, um diário escrito entre 1935 e 1950, desde a sua passagem pela prisão fascista até à morte. São páginas onde há grandes momentos de literatura – e as marcas da intensidade da sua vida, sempre dedicada aos livros (escreveu cerca de 15 livros – ou deixou-os para publicação póstuma –, trabalhou na histórica editora Einaudi e foi tradutor). Em Portugal, além de Ofício de Viver, foram publicados Diálogos com Leucó, A Praia – e, há muito tempo, o maravilhoso Férias de Agosto, bem como Fogo Grande, O Camarada, A Lua e as Fogueiras e o belo Terras do Meu País. Os seus poemas merecem tudo: “O grande sol acabou, e o cheiro da terra/ e a rua livre, colorida de gente/ que ignorava a morte. Não se morre de verão.” Suicidou-se há exatamente 70 anos, em pleno verão.
Da coluna diária do CM.
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