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Passam no próximo domingo 120 anos sobre a morte de Eça de Queirós. Poderíamos falar do seu génio romanesco, das suas qualidades como humorista e retratista, da extraordinária herança que deixou como autor da nossa língua; mas acho preferível que recolhamos um livro da estante. Se não for Os Maias, que é a sua maior obra-prima, que seja A Cidade e as Serras, o mais belo, ou A Relíquia, prodígio de humor e erotismo, ou O Primo Basílio, retrato burguês lisboeta – ou os textos da sua Campanha Alegre e O Conde de Abranhos, para nos rirmos da política, ou a correspondência de Fradique Mendes, para nos rirmos do mundo. Todos lhe somos devedores: o melhor da nossa língua deve-lhe a graciosidade, a ironia, a leveza, mas também a beleza das descrições; o melhor da nossa sensibilidade deve-lhe a parte cínica (infelizmente pequena) do nosso riso e o sentido trágico da vida normal; o nosso sentido do drama deve-lhe uma galeria de personagens inesquecíveis. É por isso que não podemos esquecê-lo. Adorável Eça.
Da coluna diária do CM.
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