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Como não vou comentar o despautério que se vive na política de Espanha, falo-vos de Diego Velázquez (1599-1660), sobre cuja morte passam hoje 360 anos, e que foi o pintor magnífico de Filipe IV, ou seja, Filipe III de Portugal – que não teve um reinado fácil, como se sabe, dominado pela Guerra dos 30 Anos, pelos conflitos com a Catalunha e pela perda do reino vizinho (nós). Mas Velázquez é que importa. Há um autorretrato, de 1640, que o mostra macambúzio e sombrio – mas divino. Velázquez era divino. Provas? Os retratos do Duque de Olivares (o de 1624) ou do papa Inocêncio X, a Vénus ao Espelho e, sobretudo, Las Meninas’. Um pintor que assina estas obras está acima dos mortais e, bem vistas as coisas, é o ponto mais luminoso da idade barroca e desse Século de Ouro espanhol. Las Meninas (1656), onde representa a família de Filipe IV, é um dos três quadros que mais me comovem – uma encenação sobre pintura, poder, solidão, o engenho do barroco, a beleza, brincadeira, os espelhos e as sombras. No fim da vida quis à força ser feito nobre; o rei teve de pedir autorização ao papa – suspeitava-se que era de origem judaica e, já agora, portuguesa. Bom, outra história.
Da coluna diária do CM.
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