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Os amigos estranhos são os inimigos de sempre. Uma vida consagrada à leitura de romances de espionagem ensina-nos esse princípio básico — no final das histórias descobre-se sempre uma inesperada cumplicidade entre personagens que combatiam em trincheiras opostas. É o jogo. Veja-se António Costa que, depois de classificar como repugnante a atitude do governo holandês, foi bem disposto a Haia pedir apoio e dinheiro– ainda que, para já, sem sucesso imediato. Os seus soldados também não queriam acreditar quando o viram sorridente ao lado de Viktor Órban, o inimigo húngaro, assinalando que os princípios do Estado de Direito (que no dia anterior o Presidente da República, muito voluntarista e cheio de moral, lembrou aos polacos) não têm a ver com os fundos europeus nem com a lista dos países afetados pela Covid. Costa é letal neste jogo. Alguém acreditou que ia mesmo seguir o caminho do Syriza grego ou que ia dançar com Varoufakis? É o jogo. Para quem acreditava que a política ia de férias, Costa mostra que o seu otimismo impenitente é um bálsamo para o poder. Os teóricos aprendam.
Da coluna diária do CM.
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