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O atual desaparecimento de Portugal.

por FJV, em 06.07.20

Este é um texto sobre o atual desaparecimento de Portugal. Lamento. As declarações públicas sobre “a decisão inglesa” dão-me a impressão de que não aprendemos nada – nem a ironia, a dimensão da glória, o gosto pelo combate ou o sentido das proporções e o conhecimento da malandrice diplomática. O país assiste a uma poderosa vaga de manipulação interna, vão-lhe ao bolso com argumentos pífios, aproxima-se uma pandemia de pobreza, os aldrabões da bola passeiam-se na televisão com a habitual prosápia, fazem-se cálculos sobre a percentagem de poder – e está anestesiado. Está a faltar-nos graça, disparate, ironia, sentido da recusa. Perdemos o nosso barroco de glória e passamos a vida a pôr fotos de legumes no Instagram. Autorizamos arbitrariedades, gostamos de life style e da imagem que os turistas têm de nós. Sem paixão nem classe, elegância, competência (trituramos os competentes e os melhores) acima de toda a prova ou, repito, sentido do disparate. Esquecemos que a História é feita pelos povos apaixonados – não pelos povos contentinhos e satisfeitos com a festa de circunstância. 

Da coluna diária do CM.

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