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Na sequência dos trágicos incêndios de Pedrógão, em 2017, o então ministro da Agricultura, Eng.º Capoulas Santos, apresentou um “pacote legislativo” como sendo “a maior reforma florestal desde D. Dinis”. Todos rejubilámos. Desde D. Dinis? Caramba, que reforma do caneco. Hoje sabemos que não foi reforma nenhuma (nem as árvores foram plantadas), mas ficou aquela vontade de ultrapassar, de goela, as glórias florestais do passado. Ontem, o primeiro-ministro anunciou que a TAP era tão importante como o foram as caravelas “na era dos Descobrimentos”. Ouviu-se uma ovação tremenda – e um comovido halo de eternidade e grandeza esvoaçou pelo país fora. Pois a TAP dobrou o Cabo das Tormentas, enfrentou o Adamastor, sobreviveu às tempestades, foi cantada por Camões? Assim aconteceu, aprendam. Esta insistência em comparar as trapalhices do presente às glórias do passado ou é um truque de cómico ou retórica para papalvos – ninguém de nós o merece, sobretudo depois de os políticos andarem a brincar com a TAP como crianças entretidas com aviõezinhos de latão, à espera da idade adulta.
Da coluna diária do CM.
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