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Estou a ver, em doses sensatas, a terceira temporada da série Marcella (ITV/Netflix), criada por Hans Rosenfeldt, o autor da sueca Bron/The Bridge; a figura principal é uma detetive da polícia londrina interpretada por Anna Friel – paranóica, obsessiva, mãe atormentada, esposa abandonada, mulher indelicada, fria e indiferente, frágil em situações de risco, acometida de lapsos de memória, sempre no fio da navalha, sempre à beira do abismo, antipática quando não deve, simpática em raros momentos. Em The Bridge, Rosenfeldt tinha criado a detetive Saga Norén, da polícia de Malmö, que sofria da síndrome de Asperger (dificuldade nos relacionamentos sociais e falta de empatia, nomeadamente) e escapava ao estereotipo da investigadora tradicional; Marcella Backland é uma construção ainda mais complexa neste universo violento – apetece corrigi-la, mas ela segue o seu caminho errático, longe da figura da “princesa do crime”. Nas duas séries anteriores, não há erro que não cometa; a série atual duplica ou triplica os seus problemas de identidade. Recomendo-a sem reservas.
Da coluna diária do CM.
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