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Longe do antirracismo dos fofinhos, gostava de lembrar dois factos aparentemente distantes. Primeiro: há mais de vinte anos que imigrantes africanos vivem em condições degradantes e desumanas no Bairro da Jamaica, no Seixal; cerca de 200 famílias aguardam realojamento depois dos confrontos do ano passado, mas durante 20 anos eram “apenas imigrantes que viviam lá” (nem podiam votar), naquele lugar onde não há estátuas para abater, e que nos ensina que o pior racismo é o da iniquidade com que se permite a miséria. Segundo: no norte de Moçambique (Cabo Delgado), o horror crescente do terrorismo islâmico, ligado a milícias al-Shabaab, fez mais de mil vítimas (parte delas decapitadas), dezenas de aldeias incendiadas e cerca de 80 mil deslocados a caminho do sul. Ignorar o terrorismo em África é, claramente, menosprezar a condição das pessoas que são vítimas distantes da geoestratégia e das “questões regionais”, apenas porque ali não há estátuas para abater e os factos do horror de Cabo Delgado não entram nas estatísticas dos temas na moda. Dois factos aparentemente distantes, como disse.
Da coluna diária do CM.
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