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Terminou a procissão de “salvadores da Livraria Barata” sem que tivesse havido resultados, o que não admira: não se salva uma livraria endividada deixando todas as outras de fora. A breve prazo, com a dócil e ingénua reação da APEL à falta de medidas de apoio ao setor do livro, a crise pode durar anos terríveis, porque se irá acrescentar aos números trágicos e vergonhosos dos hábitos de leitura em Portugal. O “desconfinamento da cultura” não se reduz ao espetáculo musical do Campo Pequeno, que contentou distraídos, mas tem também a ver com centenas de livrarias, pequenas e grandes, todas ignoradas, e com dezenas de editoras impossibilitadas de trabalhar – porque nem as livrarias facturam, nem os distribuidores distribuem, nem os autores vendem, nem os leitores são chamados às montras. Com os centros comerciais encerrados, a crise agrava-se ainda mais. Esta Santa Aliança contra o livro funciona com a cumplicidade e o desinteresse das autoridades. Ainda se fossem chefs, teriam alguma sorte; mas editores e livreiros estiveram sempre sozinhos e fartam-se de confiar, tolos e ingénuos.
Da coluna diária do CM.
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