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Lello ficcional.

por FJV, em 01.06.20

Há dias, J.K. Rowling, a autora da saga Harry Potter, disse que não conhecia a Lello e que o universo de Hogwarts não podia, portanto, ter sido inspirado na livraria do Porto. Mas que era uma bela livraria, como todos o sabemos – e que ela gostaria de ter estado lá, como esteve no belíssimo Café Majestic, de que guarda boas recordações. Passado este tempo, a Lello escreveu uma interessante carta aberta a JK Rowling, convidando-a a visitar a livraria e caucionando assim o mito de que há uma ligação entre Harry Potter e a escadaria. É o seu negócio e tem sido o seu negócio (não os livros): explorar o mito e o rumor de que havia uma ligação entre uma coisa e outra. A carta é uma trapalhada e cita Umberto Eco para mostrar que a cultura lava mais branco. Se se espalhasse que O Nome da Rosa se passou no Convento de Cristo e, apesar de saber que não era assim, se cobrassem entradas com base nesse mito – era, digamos, uma aldrabice. Um negócio, mas uma aldrabice, e não havia “pacto ficcional” que a salvasse, sobretudo se os lucros das entradas financiassem, imaginemos, operações imobiliárias.

Da coluna diária do CM.

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