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Joan Crawford está ao piano mas ouve-se a voz de Peggy Lee – é o filme Johnny Guitar, de Nicholas Ray e, se me perguntassem que canções da história do cinema eu mais recordo, certamente que ‘Johnny Guitar’ estaria entre as cinco primeiras na voz de Peggy Lee. Há muitas outras canções de Peggy Lee que entram em várias listas e hoje – quando passam 100 anos sobre o seu nascimento (na paisagem mais ou menos desolada do Dakota, mas de pai sueco e mãe norueguesa): ‘Fever’ é, naturalmente, uma delas, tal como ‘For Every Man there’s a Wooman’ (de Benny Goodman, com cuja banda trabalhou), ‘Golden Earrings’, ‘It’s All Over Now’ ou ‘You Don’t Know’, que às vezes oiço em modo de repetição (tal como ‘Johnny Guitar’ ou ‘I’m a Wooman’). Não se limitou a cantar – essas canções, escreveu-as mesmo. Casou quatro vezes e divorciou-se outras tantas – morreu aos 81 anos (em 2002), nunca desistiu de perder a sua imensa graça (chegou a atuar em cadeira de rodas) nem uma sensualidade raríssima que ecoava pela sua voz, bem humorada apesar dos dramas que viveu e dissimulou. Uma deusa com 100 anos.
Da coluna diária do CM.
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