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Poesia para totós.

por FJV, em 21.05.20

Uma das vantagens do “desconfinamento”, e da abertura das praias e esplanadas, é o fim das reportagens melodramáticas na televisão sobre como a tragédia não tinha fim nem, aparentemente, saída. O tom sentimental, próprio para ler poetas soturnos com problemas nas sílabas átonas, era de ir às lágrimas – e qualquer reportagem, longe de nos apresentar factos com objetividade e clareza, tinha interlúdios de moralidade e declarações quase amorosas ao vírus invisível. Jornalistas criados no mundo do ‘lifestyle’ peroraram interminavelmente sobre o “dever de ficar em casa” e de lavar as mãos, sobre o ioga na varanda ou as receitas de pão caseiro – e tinham arrebatamentos poéticos depois dos quais não sabíamos se se tratava de uma notícia ou de um despacho em verso sobre dois amantes apaixonados. Não era apenas a nossa vida “interrompida”; a própria informação televisiva esteve, na maior parte dos canais de tv, sitiada pela banalidade das jigajogas de “linguagem poética”, esquecendo os telespetadores que desesperavam com tanto soneto, porque tinham uma vida à espera. Esta. 

Da coluna diária do CM.

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