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A vice-presidente do governo espanhol é uma das minhas personagens preferidas. Tem alguma coisa que mistura vários portugueses que me divertem de longe mas, na hora certa, ultrapassa as previsões. A andaluza Carmen Calvo, creio que com uma fé inabalável na teoria da terra plana, explicou ontem, no Senado, a razão porque Espanha foi especialmente atingida pela Covid19: porque há uma linha recta (vossas excelências, leitores, hão-de ter reparado nela, certamente) entre Pequim, Teerão, Madrid e Nova Iorque, e o vírus vem a direito, como “um problemão do demónio”, sem desdobramento nem escalas, um maratonista apressado. Há uns tempos, outra ministra espanhola, com a pasta da Transição Ecológica e Desafio Demográfico, Teresa Ribera, também tinha assegurado que a reação portuguesa ao vírus foi melhor do que a espanhola porque Portugal fica mais a Oeste e os ventos de Pequim chegam aqui mais tarde. Que isto suceda num governo chefiado por aquele primeiro-ministro parecido com um modelo Cortefiel, não me surpreende. Mas, caramba, a Espanha teve outrora figuras de grande inteligência.
Da coluna diária do CM.
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