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Ontem, domingo, ouvi o som do amolador de facas no meu bairro. Senti-me de regresso. Hoje reabrem mais lojas, esplanadas, muitos restaurantes – há um certo caminho para o regresso à normalidade. Precisamos dela. No sábado passado fui à praia e percebi que já não estava habituado a apanhar sol, nem ao ruído do mar, ou à companhia (distanciada, mesmo assim) de outras pessoas que, como eu, tinham saudades do sol ou, pelo menos, de se sentarem no areal e de assistirem ao espectáculo do ar livre, mesmo que fosse só por cinco minutos antes de reiniciar a caminhada. É certo que faltavam as esplanadas, sim. Faltavam disponibilidade e confiança, mas ao longo da nossa vida aprendemos permanentemente a lidar com as ausências e a driblar as limitações. Hoje recomeçamos parte da vida, ainda que medindo bem as distâncias, poupando bastante nos gestos, mostrando sensatez, ludibriando o medo. A “economia” precisa disto – de vencer o medo – e de pessoas sensatas que já não aguentam mais telejornais integralmente preenchidos com reportagens melodramáticas. Precisamos do som do amolador de facas.
Da coluna diária do CM.
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