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Ia escrever “não sei o que mais prezo nele”: a irreverência, o bom humor sem bonomia, a ironia, a sabedoria, a amizade que lhe tenho, certas palavras que usa, a inteligência, a dedicação aos que ama, a obra notável, o amor e a irritação que lhe causamos, o conhecimento que tem de nós. Ia escrever isso – mas a verdade é que sei, exatamente, o que mais prezo em J. Rentes de Carvalho, de quem hoje festejamos o aniversário. São 90 anos de vida que não cabem numa autobiografia – e muitos mais, perdoe-se-me o absurdo, de uma obra que, felizmente, está publicada. Seria uma pena perdermos Ernestina, La Coca, Com os Holandeses, O Meças, A Amante Holandesa, O Rebate, Montedor, a graciosidade de Os Lindos Braços da Júlia da Farmácia, as memórias de Mazagran, Tempo Contado ou Pó, Cinza e Recordações – e a leitura do nosso tempo em Portugal, a Flor e a Foice, ou A Ira de Deus sobre a Europa. José Rentes de Carvalho leu-nos melhor do que algum dia podemos reconhecer. Da Holanda ou de Trás-os-Montes ele olha-nos com o mesmo binóculo com que observou a criação do mundo.
Da coluna diária do CM.
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