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Fátima.

por FJV, em 12.05.20

Quando figuras da Igreja Católica já declararam “não acreditar em Fátima”, os sociólogos e psicólogos tentam explicar a vertigem espiritual dos peregrinos – em vão. O mundo atual diz-se “agnóstico” ou “ateu” e os mistérios da fé são frequentemente vistos como fenómenos fora da corrente, mas Fátima sempre me impressionou. Não tanto pela multidão, que se compreende, ou pela história das aparições, que me não interessa, mas pelo silêncio na grande noite da peregrinação. Nunca a experimentei, mas ouvi relatos. Amanhã, no santuário deserto, esse silêncio será um eco que não deixará de comover os ausentes – e quanto maior for essa ausência, mais forte será o eco de uma peregrinação que não se faz e que fica guardada para mais tarde, como um recolhimento prometido. Estranhamente, a ausência de amanhã é um sinal forte de obediência, outra palavra em descrédito. Nunca a Praça de S. Pedro esteve tão cheia como na noite em que o papa celebrou a Páscoa em completa solidão. Talvez isso ocorra em Fátima, como uma contracorrente, como uma presença discreta no meio do ruído e da incerteza.

Da coluna diária do CM.

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