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No meio da quarentena, passaram ontem seis anos sobre a morte de Vasco Graça Moura (1942-2014). Relembro-o com saudade, não só por ser um dos nossos maiores poetas, mas também por ter sido um homem espirituoso e cultíssimo, romancista cheio de ironia, leitor e tradutor exigente, crítico de todos nós – e, no entanto, tantas vezes mal amado porque Portugal continua a queimar opiniões com certa leviandade e, em nome dessa leviandade, a triturar quem não pensa “como quase toda a gente”, na política, na literatura, na vida de todos os dias. Tomando os dois volumes da sua Poesia Reunida depressa se compreende como constituem um guião contra o pobre e fácil sentimentalismo da maior parte da poesia portuguesa – e como Vasco, mestre da nossa língua, vinha de outras tradições, de outra cultura e de uma mais forte exigência que sempre marcou a sua obra e o seu espírito crítico. Tive a sorte de conhecê-lo, de trabalharmos juntos aqui e ali, e de ter sido seu editor; infelizmente, o tempo é curto e morre-se facilmente. Seis anos depois, Vasco Graça Moura continua a fazer-nos ainda mais falta.
Da coluna diária do CM.
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