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As imagens são repetidas na televisão até não significarem nada – lares esvaziados a meio da noite, ambulâncias e carros militares, emergência e silêncio. E nenhum rosto, como se não existissem (até porque estão isolados). Sempre disse que um país se avalia também ela forma como trata os seus velhos e os coloca nas primeiras linhas das suas preocupações, porque muitos não têm ninguém. No país da adolescência eterna e da juventude urbana, coitadinha, que se enche de tédio com a quarentena, os “lares de idosos”, sociais e paroquiais, são território de salvação; resgataram muita gente da miséria; acolhem os velhos, levam-lhes comida a casa, prestam apoio médico básico, ouvem-nos e falam com eles quando as visitas não aparecem com frequência. No país que há pouco tempo chumbou no parlamento a “criminalização do abandono de idosos”, a tragédia dos velhos arrepia-me mas não me espanta, nem o descuido das autoridades. Ontem, um repórter perguntava ao desesperado provedor do lar de Foz Côa – a minha terra – se já havia planos “para retirar essa gente”. E não lhe caiu uma bigorna em cima.
Da coluna diária do CM.
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