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O que vem aí não é bom, mas é esperado. E uma coisa é estar no “recato do lar” a desfazer-se em comentários sobre o “isolamento”, lamentando-o com piadinhas, ou tentando furá-lo por causa do sol de domingo – e outra é a vida de mais de metade dos portugueses, desprotegidos e sem economias, com emprego precário ou sujeito a todas as flutuações; ou a das pequenas empresas que vivem do turismo e dos negócios da semana. Os mais frágeis ficarão mais frágeis ainda, e o Estado deve estar preparado para assumir as suas funções – como não esteve até aqui. O vírus vai matar “o nosso modo de vida” e o dever do Estado, como o das grandes empresas, é o de pôr (já) gente a imaginar e a estudar esses novos tempos. E a forma de minorar o sofrimento de quem vai atravessar os tempos difíceis. A economia, a vida das famílias, os modelos de trabalho, a cultura e a relação com o invisível e com a natureza – é provável que não estejamos preparados para o que aí vem. Não é mau, se lá chegarmos. Será inevitavelmente diferente e, em alguns casos, será melhor – se conservarmos o sentido do humano.
Da coluna diária do CM.
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