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O hipocondríaco que não sabia que podíamos ficar doentes.

por FJV, em 09.03.20

Num dos seus “Ecos de Paris”, originalmente publicados na ‘Gazeta de Notícias’ do Rio de Janeiro, Eça de Queirós escreveu o seguinte: “O dever da sociedade, perante uma epidemia, é circunscrevê-la, isolá-la – não criar em torno dela, por curiosidade depravada dum mal original e raro, uma vaga atmosfera de simpatia.” Não é preciso recorrer a Eça para defender que o Presidente da República deveria ter-se mantido no seu lugar, protegido, como o queremos – em vez de, com mais gente, ir tossicar aqui e além. Mas a analogia permanece. O resultado é que o isolamento do PR, em casa, vai aumentar sem necessidade o nível de histerismo e de medo, bastando para isso que se suspeite de contágio em alguém presente na sessão do Teatro Nacional de São João – onde o PR esteve. O medo nasce de equívocos desnecessários e imprudentes. As autoridades vão alterando as suas diretrizes (por vezes estapafúrdias) consoante os acontecimentos, como é normal; mas há uma coisa que se sabia: a gravidade do que tinha acontecido lá fora e podia acontecer aqui. O PR, que além do mais é hipocondríaco, devia sabê-lo.

Da coluna diária do CM.

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