Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Num dos seus “Ecos de Paris”, originalmente publicados na ‘Gazeta de Notícias’ do Rio de Janeiro, Eça de Queirós escreveu o seguinte: “O dever da sociedade, perante uma epidemia, é circunscrevê-la, isolá-la – não criar em torno dela, por curiosidade depravada dum mal original e raro, uma vaga atmosfera de simpatia.” Não é preciso recorrer a Eça para defender que o Presidente da República deveria ter-se mantido no seu lugar, protegido, como o queremos – em vez de, com mais gente, ir tossicar aqui e além. Mas a analogia permanece. O resultado é que o isolamento do PR, em casa, vai aumentar sem necessidade o nível de histerismo e de medo, bastando para isso que se suspeite de contágio em alguém presente na sessão do Teatro Nacional de São João – onde o PR esteve. O medo nasce de equívocos desnecessários e imprudentes. As autoridades vão alterando as suas diretrizes (por vezes estapafúrdias) consoante os acontecimentos, como é normal; mas há uma coisa que se sabia: a gravidade do que tinha acontecido lá fora e podia acontecer aqui. O PR, que além do mais é hipocondríaco, devia sabê-lo.
Da coluna diária do CM.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.