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Numa carta de 1955, Albert Camus escrevia que o seu romance ‘A Peste’ era uma alegoria do combate e da resistência contra o nazismo. O livro fala de uma epidemia que bloqueia e isola a cidade de Orão, na Argélia, submetida a rigorosa quarentena e onde as vítimas se vão multiplicando. Lido à letra ou como alegoria, as vendas de ‘A Peste’ e em Itália e em França atingiram números extraordinários nas últimas semanas – tal como ‘Notre Dame de Paris’, de Victor Hugo, a seguir ao incêndio da catedral, ou ‘Paris é uma Festa’, de Hemingway, após os atentados de Paris. Em Itália, ‘Ensaio Sobre a Cegueira’, de José Saramago, entrou de novo no circuito das livrarias, ao lado de Camus. O que procuramos nesses livros, e nestas ocasiões? Um retrato do infortúnio, um exemplo de resistência e de paciência, a comparação com outras histórias próximas da nossa. O ruído, infelizmente, é demasiado – e esquece a genial frase de Albert Camus, em ‘A Peste’, quando diz que é apenas no momento do infortúnio que o género humano se acostuma “à verdade, ou seja, ao silêncio”. Temos muito a aprender.
Da coluna diária do CM.
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