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Há uns anos, em conversa, Camille Paglia contou que um aluno se recusava a ler Homero, bem como outros expoentes da literatura grega, porque se tratava de “homens, velhos e brancos” (o que não era verdade) – e isso punha em causa a ideia de “diversidade cultural”. Na semana passada, a universidade de Oxford anunciou que pretende retirar Homero e Virgílio da lista de autores de leitura obrigatória nos primeiros anos de estudos clássicos devido à “disparidade encontrada nos candidatos masculinos e femininos”, bem como entre os que estudaram latim ou grego e aqueles que não o fizeram – e ainda para “promover a diversidade”. A ideia de retirar Homero (‘Odisseia’ e ‘Ilíada’) e Virgílio (‘Eneida’, ‘Éclogas’ e ‘Geórgicas’) dos estudos clássicos é semelhante à de retirar a Bíblia, ou o Corão, dos estudos de teologia. Ao longo do tempo, os grandes clássicos foram (pela sua vitalidade e riqueza) armas para usar contra a ordem estabelecida e fundamentais para compreender conceitos modernos de justiça, liberdade e dignidade. A ordem estabelecida chama-se, hoje, estupidez. E é perigosa.
Da coluna diária do CM.
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