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Quarta-Feira de Cinzas.

por FJV, em 25.02.20

Amanhã será Quarta-Feira de Cinzas. Há um belo poema de T.S. Eliot (“Porque sei que o tempo é sempre o tempo...”) que celebra a data, pelo menos no título, ‘Ash Wednesday’, e nos fala da humildade: “Ensinai-nos o desvelo e o menosprezo / ensinai-nos a estar postos em sossego / mesmo entre estas rochas...” No calendário cristão assinala-se o começo da Quaresma e lamento estar hoje, Terça-Feira Gorda, ou de Carnaval, ou de Entrudo, a mencionar os quarenta e poucos dias que faltam até à Páscoa: o bom tempo ajuda a festejar os sinais do fim do inverno. Em Lisboa há um perfume de jacarandá em certas ruas. Não se pode senão ficar comovido. Nas estradas da província, como relembra o cronista António Sousa Homem nas páginas da ‘Domingo’, não se pode ficar indiferente às mimosas do Minho, nem ao esplendor da primavera antecipada, carregada de pólenes. Estou a ficar bucólico? Não. Em tempos de coronavírus, de ameaças letais e de falta de senso na política e na vida comum (talvez por causa do inverno prolongado), o clarão de Quarta-Feira de Cinzas não é senão um milagre que devemos aproveitar.

Da coluna diária do CM.

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