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A nossa doença é, cada vez mais, o tempo de atenção.

por FJV, em 14.02.20

As empresas tecnológicas acumulam dados vastíssimos sobre a nossa atividade nas suas plataformas – da Google à Amazon, da AliBaba ao Facebook, um dos grandes negócios é a “armazenagem de dados”. Quantos mais dados forem recolhidos mais perfeita será a aprendizagem que essas máquinas fazem dos nossos comportamentos (o quê, o quando, o como e o porquê das nossas decisões) e mais poderosos serão os algoritmos que irão prever a nossa vida. As músicas, por exemplo: a duração média de uma canção na lista Billboard caiu 20 segundos nos últimos três anos – até chegar aos 3 minutos, tempo médio de atenção mais longo que dedicamos a uma canção pop, segundo as plataformas de ‘streaming’. As máquinas também já estabelecem que o tempo médio de atenção dedicado a um livro andará, no total, pelas 280 ou 300 páginas; a Amazon estuda com rigor os tempos de leitura nos aparelhos Kindle, e que passagens de um livro agradam mais aos seus leitores, e quais os levaram a pular de página. Para a indústria, estes dados são “auxiliares de diagnóstico”. A nossa doença é, cada vez mais, o tempo de atenção.

Da coluna diária do CM.

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