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Um dia destes, no carro, ouvi a versão de ‘Unforgettable’ cantada por Nathalie Cole e Nat King Cole – pai e filha, separados por quarenta anos. Cole morreu em 1965, aos 45 anos, quando Nathalie tinha apenas 15; a canção, escrita por Irving Gordon (um judeu novaiorquino que escreveu para Billie Holiday, Perry Como, Bing Crosby ou Duke Ellington), é de 1951, e Nathalie gravou-a quarenta exatos anos depois, em 1991, num álbum dedicado à música do pai – no disco, é um dueto virtual entre Nat e Nathalie, uma ideia de Joe Guercio, que foi produtor de Elvis Presley: as vozes de pai e filha acompanham-se uma à outra como se Nat estivesse vivo e desse o braço à sua filha no palco. Na época (recuem a 1991), recuperar digital e virtualmente a voz de Nat King Cole foi uma bela experiência – e ficavam bem, as duas, reunidas; Nathalie viveria vários pesadelos daí em diante, relacionados com drogas e religião, até à morte, no último dia de 2015. Hoje, dia em que Nathalie completaria 70 anos, escuto essa versão com uma sensação de absurdo, porque ninguém reúne mais pai e filha, nem virtualmente.
Da coluna diária do CM.
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