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Compro muitos livros em segunda mão, em alfarrabistas e apenas lojas e bancas de livros usados. É um prazer enorme regressar às primeiras edições portuguesas de Graham Greene, John Le Carré, John Dos Passos ou Norman Mailer, a versões dos anos 60 de Flaubert ou ainda às primeiras traduções de Moravia, Svevo ou Camus e Chandler – e a romances que há muito não se leem, de Gaspar Simões a Francisco Costa, de Nuno Bragança a Fernanda Botelho. Gosto do cheiro a velho, do aroma de papel baunilhado. Das capas de Câmara Leme, Sebastião Rodrigues, Lima de Freitas ou Cândido Costa Pinto. Mas gosto ainda mais das anotações que alguém, antes de mim, há muitos anos, deixou no livro que compro por um, dois euros: um sublinhado, um comentário, um bilhete de cinema ou de autocarro, uma dedicatória. Um livro é uma despedida e uma lembrança – e gosto de acumulá-los quando os trago da rua ou de um alfarrabista desordenado, de imaginar as voltas que deu, as paixões que suscitou, o sofrimento e o horror que causou, a alegria que transportou. Um livro nunca deixa de viver nas nossas mãos.
Da coluna diária do CM.
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