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Política de luxo.

por FJV, em 08.01.20

O comediante Ricky Gervais, que apresentou a cerimónia dos Globos de Ouro, foi sempre Ricky Gervais, e foi sempre bom sendo Ricky Gervais – iconoclasta, palhacinho, ríspido, cruel, direto. Eu gosto, mesmo quando me sinto incomodado pelas piadas, pela crueza e pela falta de tato. São piadas; rio-me. Desta vez, Ricky Gervais exortou os vencedores dos prémios a irem receber os galardões e a agradecerem aos deuses da comédia, deixando as opiniões políticas para depois. Disse-o com a habitual graça e a habitual crueldade: deixem-se de merdas, isto são dois dias, os vossos filmes não são lá grande coisa, ó elite de Hollywood. Foi um pequeno escândalo: então um artista vem dizer para os artistas não se meterem em política, para não falarem mal do capitalismo de que são naturalmente representantes e beneficiários? Não sei se repararam nos sorrisos amarelos ou na dispepsia facial de alguns dos atores e realizadores que costumam fazer pregação em série, bem como na indignação, aqui na Lusitânia, de quem viu nisto um acto de censura e não uma piada aos atores. O mundo perdeu o sentido de humor.

Da coluna diária do CM.

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