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Existe, certamente, o “discurso do ódio”, visível em grupos extremistas – e existe o “alarme sobre o discurso do ódio”, que ocupa cada vez mais espaço nos média. Acontece que, boa parte das vezes, se confunde esse discurso com aquilo que é da natureza do combate entre pessoas com ideias diferentes ou vidas diferentes (nem todas recomendáveis). A ideia de que somos todos boas pessoas, como esponjas que absorvem o Bem e comem fruta, sempre disponíveis para praticar ações bondosas e pensamentos fofinhos (os gatinhos e as crianças risonhas das “redes sociais”) contraria a natureza humana, que é, sobretudo, composta de diferença – e, em boa parte, de confronto. Pessoas que pregam permanentemente acerca do “discurso do ódio” por vezes não distinguem o essencial (o género humano) do acessório (não gostar de Cristina Ferreira, de José Mário Branco, de tofu, do budismo ou de padres sexy), o que não autoriza o racismo, o desrespeito pela lei comum, o machismo, a desculpa da violência ou a sua prática.
Da coluna diária do CM.
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