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Toda a gente já ouviu falar da história: um artista italiano, Maurizio Cattelan, expôs uma banana na parede da Art Basel Miami e colou-lhe fita adesiva; o conjunto foi vendido por 108 mil dólares e uma nova instalação semelhante poderá subir aos 138 mil. Entretanto, um cavalheiro, também artista, comeu a banana – porque estava com fome – e esta foi substituída. Os teóricos da coisa dizem que a banana “é a ideia”, não importa que banana esteja colada à parede da galeria, e um “símbolo do comércio global”. Simulacro, efeito, símbolo, trapaça, quinquilharia, esperteza saloia, estupidez pura, aldrabice – a banana esteve durante uma semana nas nossas conversas, até ser cansativo fazer outra coisa às bananas que não comê-las, por exemplo. Há uma história célebre, a de uma “instalação” cometida na Bienal de Veneza, na qual um artista espalhou terra pelo chão; na manhã seguinte, a senhora da limpeza varreu o montículo de terra e danificou a “obra de arte”, que teve de ser refeita com mais lixo surripiado da rua. Trata-se, portanto, de um mundo fácil, sujo e digno da nossa indiferença.
Da coluna diária do CM.
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