Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Por princípio, no próximo mês de maio, vamos assistir à trafulhice do costume – todos falarão da glória, do sentido de oportunidade, da enorme vantagem, da utopia, da vastíssima comunidade de gente espalhada pelo mundo, do valor económico, do deslumbramento que significa a UNESCO ter declarado 5 de maio como o Dia Mundial da Língua Portuguesa. E o que se segue? Esta mesmíssima mediocridade em que caiu o ensino da Língua Portuguesa em Portugal (não falo do estrangeiro, onde verdadeiros heróis a ensinam aos bárbaros, como desde há séculos, sem serem condecorados); a desvalorização da leitura, da história da cultura e da literatura no espectáculo curricular do Secundário; o mau português de políticos e figuras responsáveis; a falta de um azorrague que puna esse mesmíssimo mau português que empesta os documentos oficiais das nossas autoridades; a falta de pudor das nossas elites que nunca se incomodaram em desmentir a suspeita de que são cada vez mais ignorantes e culturalmente medonhas – e a lista continuaria. De modo que festejarei a efeméride, sim, mas com vontade de rir.
Da coluna diária do CM.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.