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Há, na internet, um “discurso de ódio”, como sempre houve nas nossas vidas, antes e depois das chamadas “redes sociais”. Desde a invenção da tipografia, e antes disso, há textos carregados de “ódio”. Os grandes polemistas do séculos XVII, XIX e XX eram violentos, letais, capazes de tudo; a internet apenas disseminou esse desejo de vingança e triplicou o espírito de ressentimento. Mais do que isso: tornou as reações mais rápidas, mentirosas, definitivas e com consequências destrutivas. Uma boa ideia transforma-se em poeira; um deslize, numa catástrofe. Mas estar a alargar o conceito de “discurso de ódio” a tudo o que seja simples discordância, debate, ou até violência, é um exagero igualmente letal e abre as portas a várias formas de censura imediata. O espaço público é um lugar de debate cada vez mais veloz e onde a reflexão ponderada não tem lugar; uma frase incompleta, um título com leitura dúbia – e entramos no negócio da indignação. Apesar de tudo, criticar a saia de um assessor parlamentar, por exemplo, não é odiá-lo. É falar disso. E obrigar-nos a ler tudo, o texto completo.
Da coluna diária do CM.
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